Vivemos tempos intensos... tempos de euforia... de novas, duplas, simuladas, biossintetizadas vidas... vivemos uma explosão da comunicação... vivemos a era e a cratera das mensagens... o espetáculo do espetáculo... do entretenimento como linguagem... das gramáticas multisensoriais... vivemos a morte calculada nos games... lutamos com monstros, salvamos princesas, tomamos drogas digitais e compramos pênis com linden dollars... ouvimos música com a bunda... fazemos o nosso filme sem idéia na cabeça e com muitas câmeras nas mãos... sampleamos os sons do timus dos nossos ouvidos escabaçados por som e fúria, e scanneamos as moscas volantes que os nossos olhos enxergam permanentemente, vindas do fundo cintilante das telas opacas e líquidas que nunca mais desligaremos... buscamos o lixo digital como o novo playground... inaugurando uma nova ética que tem como princípio não fechar os olhos para os próprios dejetos. ao contrário, lidamos com o lixo, felizes como pinto... com alguma responsabilidade e muita energia... em uma nova estética que não olha nem para cima nem para baixo... tudo é superfície... refundamos a aldeia como uma all teia... global... o globo se implodiu antes de explodir com o seu próprio aquecimento... é hora de lidar com todas as extensões de nós mesmos, inclusive aquelas que nos estendem na forma de dejetos... porque excrementos também identificam a espécie... é chegada a hora de varrer o lixo que empurramos para debaixo do tapete da web... gerar, a partir dele, novos neuro-bio-combustíveis... modernizando os sentidos continuamente... tornando-os, finalmente, contemporâneos de si mesmos... Digital Trash Culture.

ElectroWoodPecker

domingo, 12 de agosto de 2007

Palavras de Peter Greenaway qto ao futuro do cinema


De um post de lista de roteiristas, radical....
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Peter Greenaway: "O cinema como meio de comunicação de idéias está morto"

Guilherme Kolling

O primeiro questionamento da coletiva de imprensa da terça-feira, 10 de julho, foi direto ao ponto da palestra de Peter Greenaway no Fronteiras do Pensamento: Por que "o cinema está morto"? Ele devolveu a pergunta à repórter: "Quantas vezes por semana você vai ao cinema?" - Duas. "E quantas ia dez anos atrás?" Cinco vezes. "Você mesma respondeu. O cinema está em fase de declínio".

Depois completou: "É como se fosse um dinossauro, que tem um cérebro pequeno e uma cauda longa. A morte cerebral ocorre num período curto, mas demora até que a mensagem chegue na cauda, por isso ele demora a morrer. É isso, o cinema é um dinossauro com uma cauda longa: resta saber quando ela vai parar de se debater".

Greenaway fez uma breve retrospectiva desse fenômeno, observando que entre 1940 e 1960 assistir a filmes era um entretenimento do proletariado, muito barato de ser consumido. "Mas no século XXI podemos fazer uma lista de alternativas de entretenimento mais baratas e muito mais interessantes e divertidas do que o cinema".

A queda de audiência é um fenômeno que já tem mais de quarenta anos. O ponto alto de Hollywood foi em setembro de 1963. "Desde então o público vem caindo. Os números de 2006 mostram que 75% das pessoas assistem aos filmes longa-metragem na TV, 20% em vídeo ou DVD, e só 5% assistem aos filmes nesses lugares estranhos chamados cinema".

O cineasta também coloca a data de 31 de setembro de 1983 como um marco, quando o controle remoto foi introduzido nas salas de estar. "Foi um divisor de águas. É a inserção da interatividade, do poder de escolha. Se essa nova realidade fosse enfrentada naquela época, talvez agora tivéssemos alguma coisa nova. Mas desde então, nada de significativo aconteceu".

O autor britânico expôs que o cinema não pode ser interativo nem multimídia, dois fatores fundamentais para seu desaparecimento. Essas características são pré-requisito básico para atender à geração do futuro, um público na faixa etária de 13 a 30 anos, que é o alvo de Hollywood. Greenaway chamou-a de laptop generation. "São pessoas familiarizadas com tecnologia digital. Não dá para mantê-los aprisionados por duas horas. Só um grupo de pessoas do mundo clássico, nostálgico, saudosista é capaz de ficar todo esse tempo numa sala escura, sem se mexer. Esse mundo acabou. É surpreendente que ainda tenha gente que gosta de ir ao cinema ou de vinil, de ouvir disco com aquele barulho da agulha, ao invés do CD. Essas pessoas devem até ser engraçadas, mas não podem ser levadas a sério".

O cinema precisa ser reinventado

Peter Greenaway disse que a morte do cinema ocorre por uma série de questões sociais, políticas e econômicas. "Mas eu, enquanto cineasta, prefiro falar das razões estéticas. O cinema como meio de comunicação de idéias está morto. A produção contemporânea é entediante. Em 10 minutos de filme já se sabe o que vai acontecer, como vai acontecer e de que forma vai terminar. A psiquê humana precisa de novidades. O cinema precisa desesperadamente ser reinventado, assim como qualquer mídia tem que se reinventar", propõe.

Já na coletiva de imprensa, o autor britânico lançou a tese que desenvolveria na conferência, de que a mudança deve ser radical, colocando os modelos e paradigmas do passado de lado para se utilizar do experimentalismo e produzir algo novo. "Em 112 anos - se considerarmos a data de 1895 como a do surgimento do cinema - esgotaram-se todas as possibilidades. Depois dos anos 70, não houve novidades. Apenas pastiche, filmes requentados. Eu me sinto pessimista sobre o cinema. Mas sou muito otimista sobre o que virá a seguir, depois dessa crise, com o uso dessas novas tecnologias que estão a nossa disposição. Esses 112 anos foram apenas o prólogo do cinema", concluiu.

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